quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

controvérsia : à frente do seu tempo?




estive reparando em um ponto comum à música, cinema e games - formas de entretenimento, ou artes contemporâneas, por assim dizer (assim considero). De qualquer forma, durante o desenvolvimento destes no séc. passado, os clássicos gerados nestas três formas de entretenimento respeitaram às limitações da tecnologia da época em que foram desenvolvidos, enquanto a maioria daqueles que quiseram se passar por 'a frente do seu tempo', analisados atualmente com a tecnologia que obtemos, soam datados.

Exemplos? Camadas e camadas de sintetizador incorporados à New Wave dos anos 80, no som de Gary Numan, Mister Mister, A-ha, Falco e vários outros, atualmente soam exagerados. Quer dizer, utilizando-se do que parecia mais moderno e desenvolvido na época, a audição atual deste tipo de música soam como um produto característico, datado, dos anos 80. Por sua vez, bandas igualmente características dessa época, mas que por sua vez não esconderam sua sonoridade por trás destes recursos, como The Smiths, Police e The Cure, não perderam o seu valor com o tempo.

Jogos de tiro em primeira pessoa, como Doom e Wolfenstein, nos consoles de 16-bit (Super Nintendo, Mega Drive...), que representaram os primórdios do 3D, e que exploraram o máximo do potencial destes hardwares - em vista de consoles atuais, mostram-se extremamente lentos, feios e limitados. Jogos como Chrono Trigger, Sonic, qualquer um da série Mario Bros, (e mesmo Tetris),por sua vez, com sprites desenhados e jogabilidade extremamente simples, porém desenvolvidos a partir de conceitos, idéias e histórias, permanecem atuais e insubstituíveis.


Não entendo o suficiente de cinema para a mesma comparação (não que eu entenda o suficiente dos outros dois...), mas pense em qualquer filme da década de 60 para trás, com aqueles dinossauros modelados - veja como parecem datados e caricatos. Agora pense em Casablanca e Poderoso Chefão - as grandes idéias e relações humanas representadas nestes, sempre representarão peças de valor insubstituíveis na forma de entender a sétima arte - e nunca algo a ser superado.


Existem exceções, mas se reparar, no geral é o que vale.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

hang in there love,you gotta hold on

you gotta be strong !
'cause everybody's on the run



'Noel Gallagher's High Flying Birds' - ou o auto-intitulado 'melhor álbum dos próximos 50 anos' - ou o considerado pela crítica 'Oasis sem bolas', começa com essa pérola de acordes cheios, bem típico do Sr. Noel. Eu estava viajando de ônibus nesse sábado e achei um momento apropriado para conhecer o álbum, e me prendi na primeira faixa. Tem outras geniais (The Death of You And Me, If I Had a Gun, Record Machine) outras sub-geniais, tem merda também - mas essa faixa em especial, cujo refrão começa no título deste texto e termina no começo dele, me atingiu em cheio. Quer dizer, fico feliz que existam pessoas falando sobre esse idealismo, esse romantismo da fuga, no final da década passada e no começo dessa. Bonito mesmo.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

nem que seja a vida um fato consumado

assistindo televisão e lendo uma revista e pensando em faroeste, quis escrever. quer dizer, feriados me deixam com vontade de fazer nada e aí você começa a pensar demais, se bem que você nunca pára de pensar, nos outros dias você pensa e fala, pensa e fala e aí se renova - mas nos feriados você pensa e guarda, pensa e dorme, pensa e vê TV, e aí se torna uma pessoa pragmática. quer dizer, outros vão pintar quadros ou tocar violino ou escrever uma peça.

acho errado que eu não tenha escrito desde julho do ano passado, quando eu era jovem e estava no ensino médio. quer dizer, eu estava pensando no meu retorno triunfal, 'veni, vidi, vici', mas a vida é feita de pequenos retornos triunfais pessoais e neles você não tem aquela vontade de escrever, e aí acaba pensando demais sobre o sentido da vida, e imendando frases dizendo 'é porque na vida...', a espécie de sentença que a bela e pequena Carolina odeia, o que a torna mais bela e pequena.

ouvindo : sigh no more

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sociedade


Levantou de sua cama. Caminhou até o banheiro, ainda um pouco perturbado pela má noite de sono. Olhou seu reflexo no espelho, e a única coisa que podia ver era a imagem de um homem com as marcas da vida visíveis em seu rosto. Depois de um tempo encarando seu reflexo naquele espelho um tanto enferrujado, voltou para o quarto, vestiu uma roupa qualquer e dobrou seu velho pijama de flanela vermelho.
Desceu as escadas.
Pegou uma xícara de café e um jornal. Isso pode até soar um tanto comum, mas para este homem era como um ritual. Se não o fizesse todas as manhãs, seu dia poderia ser horrível.
Sentou-se na cadeira de madeira velha e começou a ler o jornal. Notícias tristes. Seus olhos passavam por todas aquelas palavras, mas seus pensamentos estavam em outro lugar; um lugar distante. Não só distante dali, mas distante de tudo.
Ficava imaginando como a sociedade era tão sedentária, tão hipócrita. 'Se não me faz diferença na vida, não quero saber.'
Ficava se questionando o tempo todo o que se passava pela cabeça das pessoas, por não se importarem com o que está ao redor delas, com as pessoas próximas e semelhantes a elas. Caminhou até os retratos que enfeitavam a sala e ficou parado ali um bom tempo, ainda com estas perguntas na cabeça. Ficava se perguntando, se tivesse percebido tudo isso antes, sua vida poderia ser diferente, e não ter acabado ali, um velho sozinho, se perguntando sobre a vida, sobre o que poderia ser diferente, e que se contenta em morar em uma casa pequena com algumas rachaduras.
Cansou.
Foi olhar o movimento da rua. Ficou parado ali, observando as pessoas. Seus vizinhos o cumprimentavam com um sorriso simpático, mas ainda assim, torto. Imaginou que as vidas daquelas pessoas talvez poderiam ser melhores do que a sua.
Talvez.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Ah, look at all the lonely people!

Todas essas pessoas solitárias... ah, elas me deixam intrigada. Me colocam perguntas na cabeça. Esses olhos frios... será que olham para alguém em especial? Esses passos tímidos... será que querem chegar
em algum lugar? De onde elas vem? Já sofreram decepções ao longo de suas vidas? Quais?
Enfim. 
Gosto de observar estas pessoas; gosto, porque elas me fazem pensar sobre mim mesma e a vida; gosto porque me identifico com
elas. Não sei bem de que forma, mas me identifico. Porque talvez elas estejam aqui pelo mesmo motivo que eu. Olhando para
as mesmas pessoas que eu; querendo chegar ao mesmo lugar que eu; pessoas que talvez vieram do mesmo lugar que eu; que, ao longo
da vida, se depararam com os mesmos problemas que eu.
Tantas pessoas diferentes, mas ao mesmo tempo iguais por dentro. Será que elas gostam de tudo isso? Não sei. Mas, as vezes, a solidão não é uma consequência, e sim uma escolha; talvez seja até um prazer peculiar. 
E o que me resta é ficar aqui, no meio destas pessoas, observando-as e me questionando tudo isso.