desencantei

i don't wanna be there when you're coming down,
i don't wanna be there when you hit the ground.
don't go away, say what you say
say that you'll stay, forever and a day

vestibular e terceira dimensão.

a gente jogava super nintendo e não tinha raiva do mega drive, só um certo desprezo: quer dizer, eu gostava de ambos, mas tinha só o super nintendo. na verdade,ainda tenho o super nintendo, está logo atrás de mim e logo abaixo da TV do meu quarto.
eu e meu irmão na verdade achávamos o Sonic um cara bem cool, como um porco espinho muito veloz de cabelo azul espetado. Eu sei que aquilo não é cabelo, mas enfim.

o mario não. quer dizer, não falávamos sobre o mario. Ele estava ali ao lado do super nintendo, com as outras fitas nossas que já tínhamos fechado n vezes, sabíamos tudo sobre ele. É aquela coisa, você não passa muito tempo falando como o seu irmão é legal para ele próprio, mesmo que você ache que ele é um cara legal, ou não, fato é : você não perde tempo falando sobre algo que está muito próximo de você no cotidiano.

mas nessas férias de julho de 2010,na praia senti que algo está acabando. Na verdade já acabou há um bom tempo, e já curti a própria casa da praia de outras maneiras, conhecendo outras coisas e falando com outras pessoas. Falo sobre a casa da praia, pois era nela o verão: era quando os vizinhos amigos dos meus pais chegavam, logo uns dias depois da gente, e o filho deles, nosso amigo. eu e meu irmão ficávamos felizes porque podíamos dividir com um único conhecido da praia horas de jogatina, com aqueles jogos que alugamos, ou o próprio Mario na falta destes.

esse amigo tinha um mega drive. e adorava o nosso super nintendo. e adorávamos que ele adorasse nosso super nintendo, porque ele tinha o mega drive com sonic enquanto eu e meu irmão tínhamos mario e luigi, e assim parecia mais legal termos o mario e luigi. mas esse era só o começo das férias.

depois do reveillón, chegavam meus primos, e aí começava de fato. minha prima se dispersou logo do nosso grupo, junto com a irmã do nosso amigo. fato é que tínhamos quadro cadeiras em frente à TV todos os dias do verão depois da praia, e antes também: era aquela disputa de quem acordasse antes e sacaneasse os outros, passando sozinho de uma fase e falando quando os outros acordassem 'tá vendo? eu que descobri'. eu mesmo adorava fazer isso, mas tinha preguiça de acordar cedo, a mesma que agora empaca os meus estudos, então raramente fazia.

só sei que tudo isso era tão legal que o vizinho, que tinha um 64, completamente fora de nossos mundinhos de super nintendo, acabou comprando um super nintendo pra ele. mas é claro, não era a mesma coisa. ele continuava indo em casa jogar.

depois eu e meu irmão ganhamos o playstation, que foi igualmente adorável, por ser a novidade. jogávamos horas sem o memory card e tínhamos que voltar a jogar tudo de novo no dia seguinte porque nada foi guardado. Mas era 3D né, aquele 3D quadrado e meio feio, o harry potter que não abria a boca quando falava, mas porra, era legal pra caramba.

mas meu primo sentia grandes dificuldades em andar pra todos os lados no 3D. não seí se é dificuldade ou se ele não via graça mesmo. se você quer jogar junto um jogo de jogar sozinho, como donkey kong country, tem que ser um de linha reta, como donkey kong country. crash bandicoot não era pra jogar junto. então, já na cidade, voltava a ser super nintendo. continuava indo na locadora, e na falta de parceiros, ia na locadora e jogava sozinho, de sandália e franjinha pro lado.

enfim.

- porra Fábio, deixa de ser bicha, a vida não está acabando.

- é que eu fui pra praia ontem e não consegui pensar em outra coisa.

levei a nintendo world e fiquei comentando com o meu irmão todas as minúcias que eu lembrava. enquanto a gente jogava um emulador do super nintendo no play 2. muito mais prático que levar as fitas todas poxa.
e é pirata sim, não tem original: pelo menos por enquanto, enfie no rabo o seu moralismo.

fato é que esse é o ultimo semestre do período escolar. é o último e eu já comecei antes de ontem a estudar de madrugada, no desespero. até meu pai me disse: você devia estar fazendo isso há muito tempo. mas não me preocupa totalmente. sinto só que devo lutar por isso. e vou.

acredito que vai ser um longo inverno. estou todo sentimental,sentindo que é uma grande pena, que meus irmãos e meu primo estejam trabalhando e o ex-vizinho da praia
esteja nos estados unidos,e que o super nintendo da praia tenha acabado.

é o fim da era. quer dizer, vou lutar nesse semestre pra que seja.

a fase do super nintendo deu lugar à adolescência,cabelo comprido,meninas, 'os discos, as danças, os riscos', onde ainda estou. mas é tudo a mesma era.

estou muito animado pra entrar na nova. vai dar tudo certo, mesmo que eu precise de ajuda divina, e quero contar com ela.

até porque estamos todos vivos e podemos nos reunir novamente. quando eu estiver na mesma era que eles.

porque vão ser dias difíceis. é a fase do 3D que eu tenho que enfrentar sozinho.

sair do 2D e entrar no 3D.

mesmo que seja punk, e que eu só esteja pensando no super nintendo.

'o que você está tentando fazer?'

A tosse não me deixa dormir: fui e voltei do colégio vestindo meu pijama.

Nas madrugadas que a tosse me rouba tenho lido a vida do clapton, ouvindo robert johnson. cara, eu sou o blues. o blues tem interferido no meu olhar, e isso é muito forte. troquei as palavras pelos olhares. 'i can't quit you, baby, so i'm gonna put you down for awhile...'

o eric clapton começou a ouvir blues quando começou a sentir uma solidão crescente dentro de si. a solidão é linda: cria-se distanciamento e ganha-se profundidade. não é isolamento.

respondendo à pergunta: não estou tentando nada. só querendo. quero um sim sem um 'por que'; cansei de esquecer o nome de quem chega e de quem vai embora.

times they are a-changin'

drama é legal.
sair da sala da prova com passos leves, cabeça erguida, sabendo muito mais.
foi uma, tem várias, dá vontade de sair com passos leves quando dá certo, dá vontade de matar o primeiro que dirige um sorriso quando dá errado. deixo de almoçar e estudo. deixo de estudar pra ver novela.

dorme tarde que tem prova amanhã. tem festa e curuçau no outro sábado.
teve nesse, porque não naquele?
pode ter em todos.
você podia estar em todas.

'so let it out and let it in;

- depois estudo, feliz ano novo. partimos daqui e aqui voltamos. - vira um copo e enxuga com a manga as gotas que escorrem.
- tenho que te dizer isso, pensei em ligar. todos estavam se divertindo, minha cabeça doía. - 'don't let me down', quase implorando.
- quero que toque 'i'll follow the sun', é cedo e só sobrou a gente aqui. - 'one day you look to see i'm gone', tudo a ver com tudo.
- veja, só sobrou a gente! devemos ser incrivelmente chatos mesmo. um brinde!
- we are the children, um brinde !
- estamos juntos !


feliz ano novo, animado assim.


'and anytime you feel the pain,
hey jude, refrain,
don't carry the world upon your shoulders'

certa manhã acordei de sonhos intranqüilos

'(...) ela me deu a chance de provar, mas fui impaciente demais e acabei não provando nada. Ela suspirava no escuro. - o que você espera da vida? - perguntei; eu vivia perguntando isso às garotas.

- Não sei - respondeu. - apenas servir as mesas e esperar que tudo dê certo. - ela choramingou. Pus minha mão em sua boca e lhe disse que não choramingasse. Tentei explicar a ela meu entusiasmo pela vida e as coisas que poderíamos fazer juntos; dizia isso, mas pensava em deixar Denver dentro de dois dias. Ela se virou, deprimida. Ficamos deitados de costas, olhando para o forro e refletindo sobre o que Deus devia estar pensando quando fez a vida tão triste assim.'

On the road


muito gelo e limão.

semelhança incrível

John Lennon, em entrevista concedida à Playboy em 1980, sobre a parceria Lennon/McCartney: 'Paul tinha muita técnica, podia tocar um monte de instrumentos. Ele dizia:"Por que você não mudou isto aqui? Você já usou esta nota cinquenta vezes". Mas era eu quem desenvolvia, uma canção - que, em geral, Paul começava.'


exatamente como é, deve ser ou está sendo.

duas da manhã

- perfeito, duas estradas. por qual seguimos? - qual a diferença? não temos destino certo. - ok, não há destino, mas temos dois caminhos à nossa frente e você precisa escolher por um deles. - não sendo um café à beira da estrada, tanto faz ir por um ou ir por outro. você mesmo que decida. - ambos levam à algum lugar, se você não quer chegar a lugar nenhum, deve é ficar por aqui mesmo. - desde que eu não saiba para onde estou indo, já lhe disse que tanto faz, talvez levem para o mesmo lugar. cospe no vento e vê pra que lado vai. -

ode ao teto.

Olhar direcionado ao teto.

Despertador tocando.

Calor que pesa, que cheira, que se encosta.

Sono que pesa, olhar direcionado ao teto.

Manhã branca sobre seus olhos.

Sair da cidade, começar, esquecer, sentar e observar.

Meio mundo de distância, a metade que se estende,

Toma café e olha para o teto.

Sempre o teto.